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A cidade em que Jonas
morava não era uma metrópole, era uma cidade de interior. Ficava situada
próximo a Sacramento onde ele faria sua faculdade. As pessoas normalmente saiam
da cidade e poucas chegavam. Quando alguém se mudava para lá em pouco tempo a
cidade inteira já sabia de sua história, ou pelo menos achavam isso. E assim
foi quando duas jovens garotas chegaram em San José.
Era o segundo dia de
aula e quando chegaram todos falavam do caminhão de mudanças que tinha chegado
na cidade. As novas habitantes iriam se mudar para algumas quadras perto da
casa de Joe que estava em êxtase com a notícia.
- Fiquei sabendo que
elas são as maiores gatas. Nem mesmo a professora é mais bonita que elas. E o
melhor, são gêmeas. – Ele dizia a Tom e Jonas.
- Vocês as viu?
– Tom perguntou desconfiado.
- Não, mas o Clark me contou. Ele disse que sua prima
passou em frente à casa delas hoje cedo e as viu organizando a mudança. – Joe
respondeu meio envergonhado.
- O Clark é o maior
mentiroso. Aposto que nem devem ser tão bonitas assim. Ninguém pode ser mais
linda que a Srta. Moore. – Tom disse com os olhos brilhando.
Jonas não prestava
atenção na conversa dos amigos. Tinha os pensamentos longe. Tinha passado quase
a noite inteira lendo, se surpreendeu com o livro que achou ser tão monótono.
Um pequeno trecho do livro o intrigava. “Cuidado leitor, eles estão mais
próximo do que você imagina.” Estava esperando a professora chegar para
perguntar sobre o significado daquilo. A explicação mais lógica é que seria uma
brincadeira (de mal gosto) do autor do livro.
Quando a Srta. Moore
entrou na sala os garotos suspiraram. Tom colocou os cotovelos sobre sua mesa
de estudos e repousou seu queixo em suas mãos. Ele passava a aula inteira
flertando com a nova professora. Jonas se levantou e foi até a professora antes
que ela começasse a aula.
- Srta. Moore, com
licença. – ele disse sem olhar nos olhos intimidantes da professora. – Eu
comecei a ler o livro que você nos passou ontem e fiquei com uma pequena
dúvida.
- Seu nome é Jonas, né?
Qual sua dúvida garoto? – Ela perguntou.
- Tem uma frase, no capítulo quinze, página cento e
dezessete, primeiro parágrafo. – Jonas disse a professora.
- Você leu tudo isso ontem? – A professora perguntou
abrindo o livro na página que Jonas tinha falado. – Não precisa ter tanta
pressa, vocês têm um mês para fazer esse trabalho. Mas então, me diga qual a
sua dúvida. – Ela completou com o livro já aberto na página citada.
- Essa frase aqui... – Jonas procurou com os dedos mas
não encontrou. – Está diferente no seu livro professora. Vou pegar o meu para
te mostrar.
Jonas correu em sua cadeira e retirou o livro de dentro
da sua mochila. Voltou com pressa para a professora que o aguardava inquieta,
pois queria começar logo a aula. Colocou o livro que era exatamente igual ao da
professora em cima da mesa e foleou as páginas até encontrar a desejada. Procurou
a frase que tinha lido e relido deitado em sua cama, mas ela não estava lá.
Jonas limpou os olhos com as mãos e procurou novamente, mas de nada adiantou.
- Qual a frase Jonas? – A professora perguntou já sem
paciência.
- Deixa pra lá professora. – Ele disse e voltou com seu
livro para o seu lugar.
Sem conseguir entender o que estava acontecendo, Jonas
deitou em sua cadeira e voltou seus pensamentos ao dia anterior. Ele tinha
certeza que havia lido aquela frase. Tinha gravado aquela página na cabeça. Pensou
nisso o resto do dia.
Ao chegar em casa a tarde foi assistir televisão um
pouco. Gostava de um programa sobre tecnologia que passava todas as terças e quintas-feiras.
Nesse programa falavam sobre um novo tipo de lentes oculares que eram
programadas com frequências que a visão humana não conseguia decifrar. Os
inventores diziam que era possível ver até mesmo criaturas místicas com elas, “Se existissem” pensou Jonas. Desligou a
televisão e subiu para o seu quarto.
Jonas estava deitado em sua cama quando o telefone
tocou. Joe tinha comprado o livro que a professora tinha passado para o trabalho
e queria que Jonas o ajudasse, ele não sabia o que fazer. Jonas o explicou o
que a professora já tinha falado tantas vezes na sala de aula e desligou o
telefone. Pegou seu livro e foi estudar um pouco. Ele tinha a intenção de ler
apenas um ou dois capítulos, mas quando perceber já tinha lido doze. Faltava
agora apenas dez para terminar o livro. Olhou no relógio e viu que já tinha
passado da hora de dormir, terminou de ler a última página do capitulo vinte e
sete e no final uma surpresa.
“Você não está louco” estava escrito em uma letra
diferente. Parecia ter sido escrito a mão. Jonas levantou e pegou seu celular
para tirar uma foto, mas quando chegou nada havia onde as letras antes
estiveram. “Estou louco sim, só pode ser.”
Ele pensou. Desligou a luz e foi dormir.
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